Os melhores discos de 2014

Aí quando for junho ou julho eu faço um post chamado “Os melhores discos de 2014 de cuja existência só vim a saber em 2015”:

10. Richard Galliano, Sentimentale. Muitos hão de achar este disco meio cafona. Porque tem seus momentos de Brazilian jazz. Tem músicas de Ivan Lins e João Donato. E tem como solista o acordeonista mais incrível deste mundo, que é o que de fato importa. Esta foi praticamente a única música brasileira que ouvi este ano, infelizmente.

9. D’Angelo, Black Messiah. Ele voltou. Falando de coisas que precisamos ouvir. Sexo. Violência policial. Mudanças climáticas. Amor. Que sorte a nossa poder ouvir sobre essas coisas no lindo falsete do D’Angelo.

8. Ambrose Akinmusire, the imagined savior is far easier too paint. Este disco de título lindo é o meu preferido do Ambrose até agora. Tem quarteto de cordas, tem cantores convidados sensacionais (principalmente Becca Stevens em uma música cuja batida emula o pulsar de um coração), um tributo a Joni Mitchell, um tributo a homens e meninos negros assassinados pela polícia (Trayvon Martin, Trayvon Martin…). É um disco que me fez gostar de Ambrose ainda mais como compositor e como pessoa do que eu já gostava dele como trompetista.

7. Keith Jarrett & Charlie Haden, Last Dance. Falei sobre ele aqui: “Last Dance é um disco de velhos que graças a deus não precisam provar para a mãe ou a namorada que sabem tocar seus instrumentos.”

6. Dayna Stephens, Peace. Disco impecável do meu saxofonista preferido do momento – só de baladas, e com um repertório daqueles que parecem ter sido escolhidos especialmente para mim: Jobim, Piazzolla, Morricone, Mancini.

5. Meshell Ndegeocello, Comet, Come to Me. O disco de música pop mais inteligente, diferente, interessante, enigmático, surpreendente deste ano. Tem de tudo: R&B, rap, reggae. Meu deus, gostei até do reggae, eu que detesto reggae. Aparentemente o disco é sobre relacionamentos amorosos mas nem cheguei nesse ponto ainda – mal consegui prestar atenção nas letras, de tão focada que ainda estou no baixo da Meshell e nos efeitinhos todos.

4. Billy Childs, Map to the Treasure: Reimagining Laura Nyro. Discos-tributo como esse costumam ser bastante irregulares, com sua profusão de vocalistas. Não é o caso aqui. Além dos lindos arranjos, Billy Childs foi gênio também no pareamento das cantoras com as músicas. Destaque para Esperanza, que é a única pessoa do mundo a ser 1/3 cantora de jazz, 1/3 cantora de r&b e 1/3 cantora de MPB.

3. Eric Harland’s Voyager, Vipassana. Uma das bandas mais interessantes do momento, que se nutre em parte daquele jazz-meets-hip hop do Robert Glasper e em parte da Fellowship do Brian Blade. A bateria (Harland é baterista) é bem proeminente na mix, e adoro que seja assim.

2. Lars Danielsson, Liberetto II. Este disco é apenas o último de uma série – absolutamente tudo o que Lars Danielsson faz é o creme do creme daquela mistura de jazz com música de câmara e música folclórica europeia. Simpesmente não vivo sem.

1. Brian Blade & The Fellowship Band, Landmarks. O que dizer quando seu grupo preferido de músicos lança um disco novo? Este não é o meu disco preferido Fellowship. Mas é um disco novo da Fellowship. Tá tudo ali. O inconfundível bumbo. O clarinete baixo. A sonoridade única dos metais. As levadinhas folk. A igreja e o blues. É emocionante demais.

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#Jabá

Não poderia deixar de citar também o disco que mais me trouxe alegrias este ano: o do baixista Sérgio Carvalho, amigo querido e belíssimo compositor. Agenor participou do disco tocando teclados e rhodes, e ficou tão especial. Esta é uma das minhas preferidas.