A incrível geração de mulheres que se orgulham de não saber realizar tarefas domésticas

Para mim, a característica mais triste da Incrível Geração de Mulheres Modernas e Bem-Sucedidas não é nem o fato de que tais mulheres continuam vendo a conquista de um hómi-macho como o grande objetivo de sua existência.

Triste mesmo, a meu ver, é esse estranho orgulho em não saber realizar tarefas domésticas. Meu coraçãozinho de dona-de-casa enregela-se de compaixão toda vez que uma mulher bate no peito para dizer que não sabe diferenciar uma berinjela de uma abobrinha ou ligar o ferro de passar roupa. Naturalmente, não saber essas coisas não é motivo de vergonha para ninguém – mas por que deveria ser motivo de orgulho?

Ora, algumas mulheres parecem se orgulhar de não saber realizar as tarefas domésticas mais básicas – cozinhar o próprio legume, cuidar da própria roupa – como forma de valorizar as atividades que elas (aí sim) foram muito bem treinadas para fazer. Ao contrário de suas mães e avós, a Incrível Geração de Mulheres Que Assoviam e Chupam Cana foi educada para ter um trabalho e ser bem-sucedida nele. Nada mais justo, portanto, que se orgulhar de ter uma carreira exitosa quando se foi criada para isso.

Ocorre que, se você não sabe diferenciar a salsinha do coentro e o tira-limo do lustra-móveis, eu te garanto que 1) alguém na sua casa sabe 2) esse alguém, muito provavelmente, é uma mulher. Ou essa mulher é uma pessoa mais velha da sua família que não teve acesso à mesma educação que você, ou (mais provável) é uma empregada doméstica que (adivinhe) tampouco teve acesso à mesma educação que você.

A verdade é que a Incrível Geração de Mulheres Que Chupam Mel e Mascam Abelha só pode se orgulhar de sua inaptidão para as tarefas domésticas porque uma Outra Geração de Mulheres, que nunca ganha o epíteto de Incrível, está realizando essas tarefas em seu lugar. E poucas coisas me parecem mais reveladoras do tanto que ainda temos de caminhar para viver em uma sociedade justa do que a própria existência de uma Incrível Geração de Mulheres Ricas (quase sempre brancas) que ganham o mundo apenas para pôr uma Outra Geração de Mulheres Pobres (quase sempre negras) para realizar as tarefas domésticas em seu lugar.

Em tempo: não estou argumentando que contratar uma mulher para trabalhar como empregada doméstica seja uma atitude condenável. Estou falando de um impasse enfrentado pela sociedade brasileira, e não apontando dedos para casos específicos e individuais. Em outras palavras, não acho que você é uma pessoa melhor e admirável se você não tem uma empregada doméstica trabalhando em sua casa, assim como não a considero uma pessoa pior e execrável se, por um acaso, você contratou uma empregada.

Acho, isso sim, que nossa sociedade é pior pelo fato de tantas de nós sermos incapazes de imaginar nossas vidas sem uma diarista – e, claro, pelo fato de este ser um trabalho não valorizado e mal-remunerado, realizado exclusivamente por mulheres. E por que tantas de nós não conseguimos imaginar uma existência desprovida de empregadas? Porque desvalorizamos o trabalho que elas realizam. Porque achamos que são tarefas “menores” e “inferiores”, que não estão à nossa altura (nós, criadas para brilhar no mundo acadêmico e empresarial), em vez de encará-las como fatos inescapáveis da vida. A casa é uma extensão do corpo: cuidar da própria casa é (ou deveria ser) tão inevitável e indispensável quanto cuidar do corpo. Assim como é preciso escovar os dentes, é preciso lavar a louça. O problema não está em, eventualmente, terceirizar algumas tarefas (contratar um cabeleireiro que nos corte o cabelo ou uma empregada que nos lave a louça), mas em ver essas tarefas como indignas – e, no caso das tarefas domésticas, como “coisa de mulher”. Não é – não deveria ser – “coisa de mulher”. Deveria simplesmente ser coisa de todo mundo.

Deveria, mas não é. A ideia de que tarefas domésticas são “indignas” e “coisa de mulher” está tão arraigada em nossa sociedade que a mera ideia de um homem sendo pago para lavar nossos pratos e limpar nossos banheiros nos soa estranha. Não é de admirar, então, que as mulheres da Geração Incrível queiram distância dessas tarefas. É quase como se, para se afirmar como Mulher Incrível, fosse necessário alardear que você não sabe – ou não se sujeita a – lavar o próprio banheiro.

Só que, ao reforçar a ideia de que lavar banheiro é coisa de amélia submetida às hostes do patriarcado, você inadvertidamente empurra essa tarefa para outras mulheres – em vez de dividi-las com outros homens, que deveriam se responsabilizar por esse tipo de trabalho tanto quanto você. E deixa eu dizer uma coisa: quando todos os habitantes de uma casa – homens e mulheres – dividem o trabalho doméstico, é impressionante quão poucas tarefas sobram para que seja necessário contratar um(a) funcionário(a) para executá-las.

As tarefas em si não são indignas. O fato de elas terem de sobrar para mulheres pobres – em vez de serem divididas entre homens e mulheres de todas as classes sociais – é que é.

Last Dance – Keith Jarrett & Charlie Haden

Este é o segundo disco que sai de uma mesma sessão de gravação: uns anos atrás, Keith Jarrett chamou Chalie Haden para gravar uma batelada de standards em seu estúdio caseiro, e as horas de gravação renderam Jasmine, de 2010, que não me empolgou muito, e Last Dance, lançado há poucos dias, que foi paixão à primeira audição. Estava aqui pensando por que a primeira seleção de músicas não me disse muita coisa e a segunda foi frexada no coração ao primeiro acorde, e a resposta me parece bem simples: o repertório. Com exceção de For All We Know e Body and Soul, eu não conhecia direito (ou não conhecia, ponto) as músicas de Jasmine, enquanto que em Last Dance quase todas são canções eu sei de cor. E acho que esse é um disco tão íntimo, acolhedor, familiar, que conhecer as canções faz toda a diferença: é a diferença de, no primeiro disco, sentir-se uma mosquinha intrusa na sala de gravação e, no segundo, uma pessoa da família que foi convidada a entrar na sala e se esparramar no sofá enquanto a música acontece.

E como acontece. Last Dance é um disco de velhos que graças a deus não precisam provar para a mãe ou a namorada que sabem tocar seus instrumentos. É um disco relaxado, despretensioso, em que a beleza está nos detalhes, como na incrível capacidade do Charlie Haden de soltar cada um de seus buuuums no momento preciso, e nas músicas em que Keith Jarrett se atém por mais de dois compassos à melodia da partitura. É lindo o ‘Round Midnight que eles fazem, em que a melodia custa a aparecer, mas neste disco gosto mais ainda (por ser mais incomum) quando Keith Jarrett sai tocando como se estivesse lendo a melodia diretamente do Real Book, porque aí cada pequena inflexão dinâmica, cada pequena notinha que ele atrasa ou adianta, ganha imensamente em expressividade e força. Neste ponto, em muitos momentos o disco me lembrou o disco de piano solo The Melody at Night, With You, também gravado em casa, em que ele estava reaprendendo a tocar piano e o resultado é de uma simplicidade pungente. Em Last Dance também tudo é muito simples – e, claro, nada é fácil. É difícil pensar em outros dois músicos desse nível dispostos a gravar um disco tão isento de exibicionismos.

E então, claro, tem a improvisação, tem a graça dos grunhidos do Keith Jarrett, tem a surpresa dele próprio com o que vai encontrando pelo caminho. Eu traduziria muitos desses grunhidos como “uia, olha só o que eu achei aqui”, e acho de uma generosidade comovente que esses momentos espontâneos de pura surpresa sejam compartilhados conosco.

O jazz, para mim, é uma música da generosidade. Em primeiro lugar, porque a música só acontece quando um músico tem a generosidade de ouvir o outro. Em segundo, porque os músicos precisam ter a generosidade de compartilhar com o ouvinte um processo criativo que pode ser cheio de hesitações, de problemas, de ruídos (de grunhidos).

Tem esses sites que permitem aos músicos recolher contribuições dos fãs para financiar seus próprios discos. Na maioria deles, pagando pelo disco que será gravado, você também ganha acesso aos “bastidores”, por assim dizer: videozinhos mostrando os ensaios, entrevistas com os músicos, etc. Vende-se a ideia de que, nesses projetos, você ganha não só o produto como também o processo de criação de produto. Pois bem: minha sensação é de que, no jazz, o processo é o próprio produto. Longa vida aos videozinhos de bastidores, claro, mas o processo que realmente importa estará no disco. A essência do jazz, para mim, é essa colaboração generosa entre os músicos – e destes com os ouvintes.

Keith Jarrett e Charlie Haden sabem colaborar.

O Rico Idiota

Depois de infinitas reportagens sobre madames do interior que vêm de helicóptero a São Paulo para comprar bolsas de dez mil reais no shopping-aonde-não-se-chega-de-ônibus; sobre madames da capital que fizeram um protesto indignado no estacionamento desse mesmo shopping; sobre o rei do camarote extremamente afeito a coisas que “agregam”; sobre candidatos a reis do camarote que enchem o quarto da maternidade de charutos e uísque…

… estou ficando um pouco cansada dessas reportagens que bem poderiam ser chamadas de “Alá o Rico Idiota”.

Como os jornais não demoraram a perceber que esse tipo de notícia gera cliques, as reportagens de Alá o Rico Idiota estão cada vez mais bem feitas e bem-sucedidas em gerar níveis estratosféricos de vergonha alheia – quem não compartilhou nenhum meme do rei do camarote que atire a primeira bebida que pisca. Tenho a sensação de que as reportagens de Alá o Rico Idiota apelam justamente ao nosso amor-próprio: “os reis do camarote podem até ser ricos, mas são cafonas e idiotas – já eu, bem, eu sou apenas classe-média, mas pelo menos tenho noção do ridículo”.

Mas o Rico Idiota pode ser um personagem muito conveniente para quem, se não gasta milhares de reais em bebidas que piscam, já era classe média muito antes do primeiro governo Lula (é o meu caso e o da maioria das pessoas com quem convivo). O Rico Idiota reforça a ideia de que quem tem poder econômico na sociedade é sempre o outro, nunca eu: a óbvia disparidade econômica entre a classe média tradicional e os Ricos Idiotas (ninguém em meu círculo social gasta dez mil reais em bolsas e champanhes) cria a ilusão de que estamos mais próximos de nossas faxineiras e manicures do que de fato somos. Se rico e privilegiado é apenas o rei do camarote e a comedora de coxinha de ossobuco, então eu e o pessoal que ganha um ou dois salários mínimos tamojunto nos 99%.

Outra coisa que tem me incomodado nas reportagens de Alá o Rico Idiota é uma consideração bem simples: edição é tudo. Se um repórter acompanhado de um cinegrafista passasse tempo suficiente comigo e fizesse as perguntas certas, não seria difícil que eu dissesse, despretensiosamente, as seguintes frases: 

– Detesto funk carioca e sertanejo universitário.

– Gosto de jazz e MPB.

– Acho o governo Dilma uma decepção.

– Acho os laticínios brasileiros um horror e sinto muita falta do iogurte que eu tomava quando morava nos Estados Unidos.

Faça a edição correta destas quatro frases em vídeo e voilà – nasce, se não propriamente uma Rica Idiota, no mínimo uma Coxinha Esnobe para regalo e deleite da internet.

E mais: para além da edição do vídeo propriamente dita, há também a inevitável edição mental que cada espectador fará do vídeo, que não raro tenderá a privilegiar os elementos que compõem a figura do Rico Idiota e desconsiderar aqueles que não se adequam ao perfil. Também havia dadinho de tapioca no camarote dos yellow blocs, mas falou-se apenas da coxinha de ossobuco; houve pelo menos um rapaz que criticou as vaias à Dilma, mas preferiu-se enfatizar a fala daqueles que apoiaram o xingamento.

Se escrevo este texto, não é para defender gente que certamente não precisa de defesa alguma – nem muito menos para argumentar que #SomosTodosCoxinhaDeOssobuco, pois ainda que o elitismo seja generalizado entre a classe média, o fato é que a maioria de nós não tem mil reais sobrando para gastar na baladjeenha da Copa.

Escrevo este texto porque, além de cansada dessa fórmula caça-cliques, a reportagem dos yellow blocs, diferentemente de reportagens semelhantes que a precederam, não está sendo compartilhada apenas no espírito da zuêra: algumas pessoas também a estão usando como argumento para a eleição.

O argumento é: ou você está com Dilma, ou você está com os yellow blocs. Ou reelegemos Dilma, ou colocaremos um Rico Idiota no poder. 

O problema desse argumento não é só que os ricos – tanto os idiotas quanto os nada bobos – já estão muito bem representados no poder (como, aliás, sempre estiveram). O problema é pensar o Brasil como se não existisse vida para além do PT: se você não é um Rico Idiota que come coxinha de ossobuco e odeia o PT, então só lhe resta votar no PT. Como se tudo na política brasileira precisasse se estruturar em torno do PT: ame-o ou deixe-o. Vote Dilma ou seja um fac-símile de Rico Idiota – com a diferença de que os Ricos Idiotas pelo menos são ricos, e você, não votando em Dilma, será apenas um idiota.

Não há Rico Idiota no Brasil que me preocupe tanto quanto essa ideia de que, em política, temos apenas duas opções: PT ou anti-PT.

Começou a Copa que já não teve

1. Já deixei claro que não considero o futebol uma coisa menor, coisa de alienado, coisa de coxinha, coisa de hómi besta correndo atrás da bola. Considero esses argumentos imbecis e toscos. Considero o futebol tão importante, por exemplo, quanto a literatura. O fato de que eu gosto de uma e não me importo com o outro diz algo sobre mim – não diz absolutamente nada sobre a importância relativa do futebol e da literatura.

2. Isto posto, eu não tenho cabeça para discutir literatura – ainda que seja a literatura que mais amo; ainda que sejam livros de Dostoiévski e de Guimarães Rosa – enquanto essa discussão está sendo garantida e possibilitada por bombas explodindo lá fora.

3. Sim, sempre haverá bombas lá fora – e, espera-se, sempre haverá literatura. Ocorre que, no presente caso, o Congresso Literário está sendo realizado às custas da integridade física de algumas pessoas – por mais que você insista em dizer que “uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa”.

4. “Mas eu tenho o direito de torcer pela Seleção Brasileira!” É claro que tem. NINGUÉM está tendo esse direito negado. Infelizmente, o mesmo não pode ser dito daqueles que têm o direito de protestar contra a realização da Copa da forma como ela se deu – nem daqueles que têm o direito de fazer greve por melhores salários.

5. Respeito seu direito de torcer pela Seleção Brasileira na mesma medida em que respeito seu direito de votar no Alckmin. Apenas, por favor, não conte comigo para isso. Não é tanto uma questão de convicção política quanto é uma questão de estômago.

Itens 6 e 7 que se fizeram tristemente necessários:

6. Releia o item anterior. Eu não disse que se você torce para a Seleção Brasileira você é eleitor do Alckmin. Eu também não disse que torcer para a Seleção Brasileira é um ato tão desprezível quanto votar no Alckmin.

7. Não estou lhe criticando por torcer pela Seleção Brasileira – não precisa se sentir ofendido. Este texto é para explicar por que EU não torço – o que, obviamente, não representa nenhuma superioridade moral de minha parte. Minha não-torcida indica apenas e simplesmente, reitero, uma fraqueza de estômago.

Um bando, correndo atrás

“Futebol é só um bando de homens correndo atrás de uma bola.”

Sim, e digo mais:

Literatura é só um bando de palavras correndo atrás de um sentido. 

Música é só um bando de sons correndo atrás de uma melodia.

Espaguete é só um bando de tubos de farinha correndo atrás de um molho.

Sexo é só um bando de partes anatômicas correndo atrás de um orgasmo.

Ativismo político é só um bando de ingênuos correndo atrás de um sonho.

Eu gostaria que tivesse havido Copa

A um dia da Copa, e sem que ninguém tenha me perguntado, gostaria de esclarecer o sentido pessoal e particular que dei ao #NãoVaiTerCopa

#NãoVaiTerCopa, para mim, nada tem a ver com “tem que ter escola e hospital em vez de estádio”. Em primeiro lugar, porque se você me perguntar quais são as duas áreas que mais precisam de uma revolução gigante e imediata no Brasil, eu responderia saneamento básico e segurança pública, não saúde e educação (embora, claro, na prática seja preciso fazer tudo ao mesmo tempo). Mas, acima de tudo, a ideia de que o Brasil só poderia sediar uma Copa do Mundo depois que tivesse dado conta de “questões maiores e mais sérias” revela apenas um profundo esquecimento (não vou dizer desconhecimento porque é impossível que um brasileiro não saiba disso) da importância do futebol no e para o Brasil.

Futebol não é coisa menor. Futebol é parte fundamental da construção da subjetividade, da socialização, do desenvolvimento cognitivo das crianças (nem vou entrar no que o futebol significa para os adultos). Essa ideia de que escola é intrinsicamente mais importante que futebol recobre uma ideia anterior e perversa de que trabalho é mais importante que lazer; de que “disciplinas sérias” como português e matemática são mais importantes do que esporte e arte. Não são, e por isso eu jamais criticaria a Copa do Mundo com o argumento de que precisaríamos nos concentrar em assuntos teoricamente mais sérios e importantes. Copa do Mundo já é um evento suficientemente sério e importante para mim.

Minha crítica, portanto, é outra.

#NãoVaiTerCopa, para mim, nada tem a ver com fazer figas para que estádios não fiquem prontos. É precisamente o contrário: é a revolta com o fato de que não ficaram. De que foram superfaturados. De que alguns deles são elefantes brancos. De que pessoas pobres dificilmente terão dinheiro para frequentá-los depois da Copa (para não dizer durante ela).

Acima de tudo, #NãoVaiTerCopa é a revolta com as violações de direitos humanos que aconteceram para que obras da Copa fossem realizadas (sobre as quais há farta documentação).

#NãoVaiTerCopa não é “torcer para que tudo dê errado” – é reconhecer que aquilo que mais importa *já deu* absurdamente errado. Que obras foram superfaturadas. Que pessoas foram ilegalmente removidas de suas casas. Que a FIFA deitou e rolou.

Não vai ter Copa – embora eu gostaria que tivesse havido.

Não vai ter Copa – mas Exército na rua certamente não vai faltar.

Dica de banana

Espelho, espelho meu,

Ontem à noite antes de dormir cliquei num link sobre “dicas de saúde” e uma das dicas de saúde era que devemos comer meia banana ao acordar antes de ir para a aula de spinning.

Então dormi acordei e comi não meia mas uma banana inteira e também um mamão inteiro e umas castanhas de caju e em seguida não fui para a aula de spinning, até porque não sei o que é isso.

Passei a manhã preocupada porque, afinal, não me alimentei como deveria. Não comi direito, senti-me meio estúpida por ter feito isso e prometi para mim mesma, então, que no almoço eu iria me comportar e comer como se deve. Afinal, não sou mais criança e preciso planejar minhas refeições de acordo com as minhas necessidades calóricas.

Então saí para almoçar e comi, de petisco, torresmos e dadinhos de tapioca. De entrada, salada de carpaccio (que no restaurante eles chamam de carpacho) de carne de sol. Depois, atolado de bode com mandioca e jerimum. Por fim, doce de goiaba de sobremesa e duas paçoquinhas de castanha-do-pará para arrematar.

Aí sim, dever cumprido. Porque um café da manhã só de frutas e castanhas não condiz com as minhas necessidades calóricas nem emocionais. Um desjejum digno desse nome deve incluir também café, leite, pão ou torrada, manteiga e queijo.

Agora acabou o dia e posso dormir com a consciência tranquila. Não vou cometer o mesmo erro de hoje no meu café de amanhã.

E, sobretudo, não vou ler dicas de saúde por um bom tempo.