Quem é a pessoa que você mais admira no mundo?
Para muitos, a pessoa mais admirável do mundo é Um Grande Homem (eu poderia dizer Uma Grande Pessoa, mas a verdade é que a grande pessoa quase sempre é um homem) – um importante líder religioso, ator, cientista, político, escritor, atleta, cantor: Jesus Cristo, Ayrton Senna, Bono, Einstein, Pedro Bial.
Para outros, a pessoa mais digna de admiração do mundo é Uma Pequena Grande Mulher (eu poderia dizer Uma Pequena Grande Pessoa, mas a verdade é que a pequena grande pessoa quase sempre é uma mulher) – uma mulher boa e honesta, querida e amada e que, fundamentalmente, soube cuidar: a mãe, a tia, a avó.
Já tive momentos de admirar um determinado pensador ou artista acima de tudo. Esses momentos têm sido cada vez menos frequentes.
Já tive momentos de admirar, acima de tudo, alguma mulher forte da família (e, na minha, são várias).
Ultimamente, porém, tenho reparado bem mais em pessoas que não são nem propriamente Grandes, nem muito menos da minha família.
Tenho admirado muito pessoas sobre as quais não sei quase nada, e nem preciso – o que sei, basta. O que sei: admiro. O que não sei: não importa.
Admiro profundamente Arthur, que, aos 13 anos, transexual, vai à escola todos os dias. (Na idade dele, eu não ia à escola todos os dias. Não conseguia. Não aguentava. Não dava conta – das outras crianças, das aulas estúpidas, das aulas de educação física. Eu faltava à escola pelo menos uma vez por semana. Mas não Arthur. Arthur coloca uma faixa no peito e vai.)
Admiro os pais e a bisavó de Arthur – sobre os quais, como eu disse, não sei nada, além de que, na hora em que foram convocados a isso, eles souberam e foram capazes, simplesmente, de amar.
Admiro a mãe de DG, que recusou um convite para encontrar-se com o governador do estado do Rio de Janeiro, depois de seu filho ter sido assassinado pelas forças deste mesmo estado.
Admiro Eliana Paiva, por ter sobrevivido.
Admira-me que estas pessoas existam. No mundo. Ao mesmo tempo que eu.
Além de admirá-las, sou-lhes grata.
Aos 13??? Eu não vou pra escola todo dia nem hoje. Nem hoje. Esse menino é um lindo.
Outro texto lindo, Camila. Não tem como não admirar vc.
Ah, talvez vc goste do “P.P.S.” deste texto: http://www.incautosdoontem.com/2013/08/eu-racista-machista-e-homofobico.html
Camila, também não conheço você, provavelmente não vou conhecer. Mas admiro a expressividade das suas ideias, a coragem de expô-las. Parabéns a todos citados nos seus textos, parabéns a todos ainda não massificados pela Copa da Fifa, parabéns a todas as vozes citadas, parabéns a você, que as torna públicas.
Camila, estou na mesma. E fico sempre muito impressionada como isso choca/afeta/incomoda as pessoas. É meio triste na real…
Adorei seu post! Bjs
Eu nunca tive um ídolo, nem um melhor amigo, e sempre achei que fosse estranhíssima por isso.
Isso mudou com o passar do tempo, e, com raras exceções, tendo a admirar: familiares, colegas de classe, vizinhos, gente que eu conheça muito.
Tenho um receio gigantesco de admirar quem eu não conheça bem.
Espero que isso seja uma coisa boa.
Camila, eu também não te conheço mas cê é realmente uma das pessoas que mais admiro. Uma nem-tão-pequena grande pessoa. E quando as coisas ficam tão feias no Braziu que mal dá vontade de sair da cama, penso que há gente como dona Camila e sigo meu dia um pouco mais esperançosa.
Camila, embora não lhe conheça e talvez nunca venha a conhecer, és uma das Pequenas Grandes Mulheres que admiro. Acho que uma das grandes capacidades do ser humano é a de sentir, e é por esse motivo que leio seu blog. Me fazes sentir.